
Não eram meus os olhos que te
olharam*Nem este corpo exausto que
despi*Nem os lábios sedentos que
poisaram*No mais secreto do que existe em
ti*Não eram meus os dedos que
tocaram*Tua falsa beleza, em que não
vi*Mais que os vícios que um dia me
geraram*E me perseguem desde que
nasci*Não fui eu que te
quis*E não sou
eu*Que hoje te aspiro e embalo e gemo e
canto*Possesso desta raiva que me
deu*A grande solidão que de ti
espero*A voz com que te chamo é o
desencanto*E o espermen que te dou, o desespero.
****José Carlos Ary dos Santos