23.6.06

A poesia não tem pátria...






this

is how he is
in my landscape,

he.
(...impenetrably silent,
elusive,
man,
much warmer than the sun.)

lovelier than the night
and loving it,
with the skill of one

born to love forever.

10.6.06

O amor que sinto...



O amor que sinto
é um labirinto.

Nele me perdi
com o coração
cheio de ter fome
do mundo e de ti
(sabes o teu nome),
sombra necessária
de um Sol que não vejo,
onde cabe o pária,
a Revolução
e a Reforma Agrária
sonho do Alentejo.
Só assim me pinto
neste Amor que sinto.
Amor que me fere,
chame-se mulher,
onda de veludo,
pátria mal-amada,
chame-se "amar nada"
chame-se "amar tudo".
E porque não minto
sou um labirinto.

(José Gomes Ferreira)

4.6.06

Desespero





Não eram meus os olhos que te olharam*Nem este corpo exausto que despi*Nem os lábios sedentos que poisaram*No mais secreto do que existe em ti*Não eram meus os dedos que tocaram*Tua falsa beleza, em que não vi*Mais que os vícios que um dia me geraram*E me perseguem desde que nasci*Não fui eu que te quis*E não sou eu*Que hoje te aspiro e embalo e gemo e canto*Possesso desta raiva que me deu*A grande solidão que de ti espero*A voz com que te chamo é o desencanto*E o espermen que te dou, o desespero. ****


José Carlos Ary dos Santos