21.8.07

meu amor

Um olhar de outono,
uma voz de estio,
um toque de canela
numa pele de algodão.


Deixaste-me


Era assim que eu te via,
sereno ar
das madrugadas
sem sono.




(autor... esquecido!)

7.8.07

Branco




Veio o silêncio espesso
cobrir o tempo do cheiro a frézias.

Não me chamas.
Tenho na minha pele
apenas um fio da tua boca.

Eu sempre acreditei no teu perfume,
sempre me escondi na tua sombra,
sempre suspirei pelo contraste do teu perfil.

Agora
hoje
só sinto a brancura fria dos meus sonhos.

Há silêncio
e eco apenas meu...
...apenas...

Hoje
é o dia de te encontrar
e tu vais ter um novo rosto.

Sinto tudo o que me disserem
mas são os teus olhos que me acendem,
os teus dedos que me apertam a cintura,
o teu calor denso e único,
o meu!
Pode ser que um dia...
Agora,
adivinho muros
e silêncio
onde estou morta
e seca de paixão...

(fazes-me falta!)

Volta,
antes que seja tarde!

14.6.07

Agora que o passado é só um risco, quando podia ser traço...




Parece que se desfez
no ar mais frio da noite... mas não!
Guardo-te para sempre dentro de mim.
Não podes saber quanto me deste,
porque ainda não viste o infinito.
Eu sei!
Mesmo que te reserves,
continuas aqui,
neste suspiro que não tem fim.
Quem dera te encontres
com a coragem e lhe dês as mãos.
Ambas.

E já agora... o coração também!


De mim


(Ai, Florbela! )


"Tirar do peito a emoçao"


Ser inteiro e ser também, brilhar!
Mudar o nome, renascer
entrar em ti, mais que beber
usar desejo, estar demente,
sentir, chorar, sorrir, gemer,
ter de todas as coisas o prazer,
estar eterna no presente
e nao morrer dentro do peito, por amar!



(1 de Abril de 2007)

2.6.07

Nunca te esquecerei (mesmo que te vás embora no dia da minha revelação!)


Toco-te
e fazes-te estrela

não tenho voz
para me deitar ao vento

moro clandestina
nos teus suspiros mais íntimos

esqueci a fala
esqueci o beijo
esqueci a margem

momentos há
que se levantam noite dentro
e nos aquecem o rosto
como se fosse de novo amanha
(tu dizes que não sabes desse dia!)

os olhos
recebem serenos
os teus lábios



sentes o sorriso?

Estou a pensar em TI
PARA A ETERNIDADE!

Onde te encontro (o AMOR é demasiado fácil para ser bebido)

De olhos fechados
viu-a sentada no muro.

A luz que lhe enleava o cabelo,
perdia-se em gotas
na quietude da noite.

Tinha as mãos tensas,
escondendo um medo
que não se podia dizer.

Alguma sombra a acordou.
Num triste instante,
a luz saiu-lhe do olhar
e encheu-lhe os seios.

Gemeu de dor.
Suspirou de prazer.

Ela não o via.
Ela sonhava-o.

Do teu silêncio me desfaço


Nos olhos da noite fez-se tempo de amanhecer.

Havia mar.

Deitei-me nesse olhar
fresca e breve no teu sorriso,
simples estrela
do teu suspiro.
Não por mim, por ti,
que te fizeste ao vento do meu peito
sempre de mãos em asa,
pronto a voar!
Vejo-te ao longe,um traço de espuma
a pender para o sol...

Será nuvem?
Ou és apenas
um desejo feito estrela?

24.5.07

Engano

Agora a luz não brilha mais!

Há aquela janela
que me parecia sorrir,
mas... NÃO!
Era apenas fantasia.

Lembro-me do teu olhar.
Verdadeiramente vivo,
verdadeiramente inebriante!

Coloquei as mãos sobre os teus olhos,
para não ferires a noite, mas
a tua alma já se tinha ido embora
deixando apenas a memória do sono.

Foi um erro!
Eu sabia,
mas depois das palavras que te disse,
depois do OUTRO,
como poderia compensar-te?

(... foi um erro dos dois...)

Perdoa-me.

22.5.07

Crueldade

Parece que nem todas as deusas
são poderosas.
Parece que até os mortais
se defendem do destino.

Chegou o Verão!

Procura-me.
Deixa-me seduzir-te...

Dolorosamente sóbrio, ébria de ti ( e porque insistes em publicar)


(Sabes o sabor amargo do instante?
Sabes, quando a caricia
em vez da seda
te abre a secura do deserto?
Apenas uma lágrima.
Depois dela a sensatez.
É apenas um copo.
Depois dele o esquecimento.)



Procura-se um rio de ilusões
(chamaste-lhe "instante")e deixa-se fluir
amparado pela paixao das palavras.

Não tu,
que não falas muito!
Eu!
Eu, que me incendeio nelas
Eu que as escolhi
para te seduzir no anonimato.
Ironia do destino:
a dor também é anónima,
porque não te encontra,
não sabe refugiar-se nos teus braços.

A dor está na minha frente,
serena,
destruindo a memória de um corpo rendido.

Vens beber comigo esta dor?

Hoje... somos UM (dei-te um olhar e ficaste cego!)

Hoje,
deixo as palavras para ti,
na esperança
de que não as reveles!


Está na tua mão retomar a magia,
sem medo de te encontrares,
CONTIGO!

Confuso (sem saber onde sou eu, sem saber onde és tu)


Ele.
Colocou-lhe os braços no lugar das ancas.
Prendeu-lhe os cabelos no lugar dos seios.
Embaraçou-a com os olhares de mel trocados por beijos.
Ela.
Perdeu as palavras,
atormentada que estava com a ideia de o perder a ele.
Deixou-se ir, como quem espreita o amanhecer.
Ele.
Sentou-se na cadeira onde ela estivera antes.
Viu-lhe o pescoço, a curva do ombro, a brancura da pele.
Ela.
Sentiu-lhe o cheiro, tomou-lhe a mão, procurou a boca.
Recostou-se na cadeira, lembrando o abraço.

Pararam os dias.
Ela.

Voou.
Ele.

Sonho.

Como se eu pudesse ser apenas (a tua alma presa na vaidade!)



Do murmúrio dos pássaros,
não quero ouvir falar!

Do perfume da erva molhada,
não quero ouvir falar!

Da doçura da tua pele de amêndoa,

não quero ouvir falar!

Do brilho místico dos teus olhos peregrinos,

não quero ouvir falar!

Do sabor (a sangue) dos teus lábios reservados,


não quero ouvir falar!



te esperei para me aninhar
como o riso de um menino no regaço da mãe

te abri em sonhos o meu ventre

como se estivesse em ti o meu repouso.

.

Sou.
Procura-me (apenas) nos momentos de saudade

dos olhares entrelaçados.

Procura-me (apenas) nas verdes lágrimas

dos sentidos serenamente abandonados.

Sou (apenas) uma ideia

ferida de desejo na lucidez das madrugadas.


Enlaço-te!

Se tu pudesses ficar ( os olhos seriam lábios! )



Não vás ainda!
Esquece a vertigem das noites anónimas.
Ficou apenas o sal desse mar que foram os meus dedos
timidamente
procurando ondas nas tuas costas.

(Lembras-te?)
Era tanto o silêncio que foi preciso chorar!

Fica!
Os cabelos escondem lágrimas,os olhos são de marfim
e as mãos…
oh!
...as mãos,
soltam-se
ao mais sereno toque
do Outono.

Ainda nos falta o Verão!
Não vás!

Ainda mais perto (basta que te inspire!)



Eras um rio
enrolado no desejo
a verter luz sobre o meu peito.

Chegaste.
Impossível de conter
nasceu o dia

e foi naquele instante que eu me vi

hesitante
no limite do teu sorriso.

Estávamos nus e era cedo
para que os lábios se tocassem…

Retrato de um corpo em abandono - (para não ser publicado!)



Não ser luz e brilhar,perder os olhos na sombra!
Abandonar a alma
e suspirar,
delirar de gozo e de paixão!
Estar bem perto
e não tocar,
sentir e não doer
esta ilusão!
O sonho
que não te adormece,
o sabor
que a boca não incendeia!
O corpo
que desenhas de memória
e te foge das mãos,
com a leveza da areia
escapando nas madrugadas!

(Ai que fome... das tuas confidências!)

25.3.07

Leio nas estrelas...

Se apenas um olhar teu me fosse dado se um sorriso se soltasse de ventos e de marés se um pensamento se acercasse se a tua voz me invadisse na simples fantasia de um segredo se um beijo fosse meu se a tua boca dissesse mais que um sim ou um nao se eu te visse nas noites em que o sim e o nao se confundem nos dias em que o olhar é um suspiro nos breves instantes em que o sorriso esconde um único beijo secreto e impensado se me imaginasses nua e fluida como só a brisa pode ser leve e generosa, na penumbra esquecida de mim e de ti, dormente no prazer do abandono tranquila e leve se te aproximasses um pouco se...seria eu quem te leria nas estrelas, incondicionalmente, onde nao estou, dentro de ti...

22.3.07

SUSSURO

Deixa-me tocar-te!

Na asa de um sonho
eu te acompanho,
no sal da luz
eu me abandono,
na placidez da espuma
eu te derramo.

Escolho-te,
eco,
rumo,
sedução.

No limiar da ternura,
na evidencia do beijo

na vertigem da pele
no eterno limite da razão



é que eu te encontro
e me reclino,
qual desnorte de ave ferida
sem destino
qual sombra fugaz
sem tempo ou ilusao.

Deixa-me ser em ti
a ténue esteira da paixao.

Deixa-me tocar-te!

13.1.07

Tempo






Sê paciente; espera

que a palavra amadureça

e se desprenda
como um fruto

ao passar o vento que a mereça.





(Eugénio de Andrade)
 

10.1.07

Luz...


Sem palavras,
para que só tu entendas!




Senta-te e vem ouvir-me...


 
(Manuel Alegre -  Coisa amar)

Contar-te longamente as perigosas
coisas do mar. Contar-te o amor ardente
e as ilhas que só há no verbo amar.
Contar-te longamente longamente.

Amor ardente. Amor ardente. E mar.
Contar-te longamente as misteriosas
maravilhas do verbo navegar.
E mar. Amar: as coisas perigosas.

Contar-te longamente que já foi
num tempo doce coisa amar. E mar.
Contar-te logamente como doi

desembarcar nas ilhas misteriosas.
Contar-te o mar ardente e o verbo amar.

E longamente as coisas perigosas.


7.1.07

Respiro...




Respiro o teu corpo

Respiro o teu corpo:
sabe a lua-de-água
ao amanhecer,
sabe a cal molhada,
sabe a luz mordida,
sabe a brisa nua,
ao sangue dos rios,
sabe a rosa louca,
ao cair da noite
sabe a pedra amarga,
sabe à minha boca.

Eugénio de Andrade