13.1.07

Tempo






Sê paciente; espera

que a palavra amadureça

e se desprenda
como um fruto

ao passar o vento que a mereça.





(Eugénio de Andrade)
 

10.1.07

Luz...


Sem palavras,
para que só tu entendas!




Senta-te e vem ouvir-me...


 
(Manuel Alegre -  Coisa amar)

Contar-te longamente as perigosas
coisas do mar. Contar-te o amor ardente
e as ilhas que só há no verbo amar.
Contar-te longamente longamente.

Amor ardente. Amor ardente. E mar.
Contar-te longamente as misteriosas
maravilhas do verbo navegar.
E mar. Amar: as coisas perigosas.

Contar-te longamente que já foi
num tempo doce coisa amar. E mar.
Contar-te logamente como doi

desembarcar nas ilhas misteriosas.
Contar-te o mar ardente e o verbo amar.

E longamente as coisas perigosas.


7.1.07

Respiro...




Respiro o teu corpo

Respiro o teu corpo:
sabe a lua-de-água
ao amanhecer,
sabe a cal molhada,
sabe a luz mordida,
sabe a brisa nua,
ao sangue dos rios,
sabe a rosa louca,
ao cair da noite
sabe a pedra amarga,
sabe à minha boca.

Eugénio de Andrade