18.10.06

(O que não te digo)


Súplica
Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas
Às urgentes perguntas
Que te fiz.
Deixa-me ser feliz
Assim,
Já tão longe de ti como de mim.
Perde-se a vida a desejá-la tanto.
Só soubemos sofrer, enquanto
O nosso amor Durou.
Mas o tempo passou,
Há calmaria...
Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz seria
Matar a sede com água salgada.
(Miguel Torga)

1 comentário:

Anónimo disse...

Talvez hoje,somente hoje te observe,te faça crer que existe algo para além destas páginas, algo que por ser nosso nunca será irremediável. Talvez me exponha à queda,à insuficiência dos dias e dos anos e te conte que eu não sou apenas isto que hoje vês mas também tudo antes de mim...Talvez te diga mais do que as palavras certas com as quais nos desiludimos, as quais fizeram da ilusão e do desejo a nossa culpa. Talvez encerre nesta manhã tudo o que não quis ver, toda a sabedoria do inevitável à qual me recusei fechar os olhos e render. E que instantes mágicos se perderam entretanto naquele tempo em que bebia da tua alegria e tu te afogavas em mim. Vem que as horas não se perdem entre o desgosto e a saudade...talvez te peça que te lembres que ainda tenho tempo...ou simplesmente sele para sempre este cantinho que ainda te guardo...para te deixar navegar em paz nesse teu mar tranquilo e no silencio que me súplicas...